Recentemente, o Sistema OCB lançou a Cartilha Cooperativismo e Eleições - 2014, com a intenção de colaborar com o cooperado brasileiro, na hora da escolha de seu representante, ressaltando como as sociedades cooperativas podem contribuir no processo de orientação aos associados em relação à sua participação efetiva nas eleições. O material foi bastante elogiado hoje por Leonardo Barreto, entrevistado desta semana. O doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília e Diretor de Política do Instituto FSB Pesquisa, afirma que “o sucesso da interlocução institucional da OCB junto ao Congresso Nacional nos próximos quatro anos depende muito da atuação eleitoral que os seus associados farão na base nessas eleições.” Confira a entrevista!
Em sua opinião, quais as principais tendências eleitorais para 2014?
Leonardo Barreto - O eleitorado quer escutar uma narrativa nova no país. Quer ver propostas que pactuem valores e melhor prestação de serviços, pois deseja fortemente a continuidade do processo de ascensão social. É um eleitor um pouco mais educado e, progressivamente, melhor posicionado financeiramente. Isso faz com que passe a exigir propostas mais sofisticadas dos políticos, de maneira geral. Estas são as tendências. Sairá na frente quem tiver a melhor capacidade de interpretação e tradução dessas percepções em um projeto de país.
O que o eleitor brasileiro mais espera dos candidatos aos cargos públicos? Quais são os temas que devem chamar mais a atenção no processo eleitoral?
Leonardo Barreto – Os temas são saúde, segurança, educação e mobilidade. Mas tudo isso vai ter uma abordagem mais sofisticada e conectada à defesa da renda das pessoas. As pessoas querem que o sistema passe a funcionar para que possam economizar na escola privada, na saúde privada, na segurança privada e no transporte privado. Essa é a conexão que os candidatos precisam fazer para ter o respaldo da população.
Qual é a importância do processo eleitoral para o movimento cooperativista?
Leonardo Barreto – O processo eleitoral é um momento de pactuação de acordos, valores e prioridades de políticas públicas para o próximo governo. É uma oportunidade privilegiada que o movimento cooperativista tem para fazer os candidatos se comprometerem com a sua agenda no próximo ciclo político, tanto no nível Executivo quanto no Legislativo. Políticos pautam sua atuação a partir das eleições presentes e futuras, por isso, participar do processo eleitoral e se colocar firmemente é fundamental para o bom funcionamento do jogo democrático.
Como o sistema cooperativista pode atuar no processo eleitoral para buscar uma maior representação política do setor?
Leonardo Barreto – Apresentando agenda de valores e de medidas de políticas públicas e gerando o comprometimento em torno delas. Isso vale para os candidatos e também para o próprio movimento, pois faz com que as pessoas e organizações participantes, reflitam, definam prioridades e sintetizem seus anseios em propostas. Com isso, todos que fazem parte deste processo ganham.
Tendo como referência a atuação das entidades de representação no processo político e eleitoral, como você enxerga a atual posição do Sistema OCB na defesa das cooperativas brasileiras?
Leonardo Barreto – Imagino que a OCB tem a responsabilidade de sintetizar os problemas comuns ao movimento cooperativista e comunicá-lo de forma eficiente e assertiva aos candidatos, principalmente no nível presidencial. É um desafio e tanto, considerando que o universo das cooperativas é assimétrico e heterogêneo.
O Sistema OCB acaba de publicar uma cartilha orientando os cooperados a respeito de diversos assuntos que permeiam as eleições. O senhor acredita que instrumentos assim contribuem com a ampliação do discernimento do eleitor? De que forma?
Leonardo Barreto – Sim, pois mais importante do que comunicação direta com os candidatos à Presidência da República, por exemplo, é a apresentação das agendas aos candidatos ao legislativo que são todos eleitos nos estados. O sucesso da interlocução institucional da OCB junto ao Congresso Nacional nos próximos quatro anos depende muito da atuação eleitoral que os seus associados farão na base nessas eleições. Tudo está conectado e, ao mesmo tempo, é interdependente.