O dia internacional do cooperativismo que em Campo Grande (MS) poderia ser comemorado com um simples evento, tornou-se uma grande ação em benefício da sociedade. Voluntários com orientações quanto a saúde, questões jurídicas, de sustentabilidade e financeiras, atenderam centenas de sul-mato-grossenses, que mesmo com chuva e frio, participaram ativamente do Dia C-Dia de Cooperar. A interação entre voluntários e participantes neste sábado (4) se fez contínua e rendeu diagnósticos que favoreceram distintas classes sociais de forma física e emocional.

A ação, de acordo com o conselheiro do Sistema OCB/MS, Ademir Pinesso, cumpre com a filosofia das cooperativas brasileiras. “A principal função do cooperativismo é mostrar para as pessoas que a integração, mesmo sem um viés econômico, estimula o desenvolvimento humano e, pode ser vista como uma maneira das pessoas se ajudarem”, afirma. “Vivemos uma recessão no País, em que cooperando, podemos resolver parte dos problemas, não só econômicos, mas também sociais”, destaca Pinesso que também é presidente da Cooperativa dos Produtores do Centro-Oeste (Conacentro), entidade que orientou a população quanto a questões jurídicas, contábeis, de recursos humanos, além da criação de currículos, durante o Dia C.

Exemplo do impacto sociocultural que o Dia de Cooperar tem sobre os participantes é a cozinheira, Sandra Lúcia da Silva, que ao conhecer o trabalho desenvolvido pelo Sicredi, teve sua atenção voltada para a confecção de bonecos elaborados a partir de materiais recicláveis. “São materiais que geralmente jogo no lixo e que podem me ajudar tanto na saúde quanto na situação financeira”, enfatiza Sandra ao alegar que pretende montar brinquedos para seus sobrinhos, diminuir o estresse e, ainda, difundir o que aprendeu, com a finalidade de diversificar a matriz econômica da sua família. 

Para o voluntário e presidente da Uniodonto Campo Grande, Herberto Cristovam Dias Gomes, o cooperativismo e as informações trocadas no evento podem diminuir problemas sociais. “Percebemos que faltam informações básicas, que resolveriam dificuldades quanto a saúde, situação financeira, além de outros. O cooperativismo é uma valiosa ferramenta capaz de diminuir deficiências em todos setores”, ressalta Gomes, que durante o Dia de Cooperar passou orientações às crianças sobre escovações corretas e aos pais sobre a necessidade de tratamento odontológico desde os primeiros anos.

Durante sua participação no Dia C em Campo Grande, o representante do Sescoop Nacional, Carlos Baena, enfatizou que ações cooperativistas não acontecem esporadicamente. “Esse é um momento muito importante para o cooperativismo brasileiro, que apresenta a realidade do sistema à sociedade e esclarece que essas mudanças socais significativas não acontecem apenas em evento como este, mas durante todo o ano, seja dentro dos hospitais, creches, no meio ambiente e diversos outros setores”, ressalta. “O cooperativismo se preocupa com as famílias, tornando-as felizes pessoal e profissionalmente”, finaliza.

Interior

No interior do Estado ocorreram ações do Dia C, como em São Gabriel do Oeste e Nova Andradina. As cooperativas de Dourados reformaram o Ceim Raio de Luz e entregaram hoje cedo o prédio. O Ceim é uma creche municipal que atende 150 crianças de um bairro carente da cidade. Em Naviraí, o evento ocorreu em frente à Escola Municipal Odercio Nunes de Matos, no Bairro Harry Amorim Costa, oferecendo atividades recreativas e de saúde para toda a comunidade. Entre as atividades ofertadas estavam Recreação no Parque “Cantinho do Céu”; Pintura Facial, Gincanas, ações de saúde como aferição de pressão e orientações sobre nutrição, contação de histórias, exposição de trabalhos do Coopermirim, cooperativa mirim de reciclagem artesanal de papel, entre outras. A iniciativa foi realizada pela Copasul e contou com o apoio do SESI e da UFMS.

Beneficiada

Com 18 anos a estudante Paola Rodrigues Santiago foi diagnosticada com desnutrição, durante o Dia C, pela turma de nutrição da UFMS, parceiros do evento, que aferiram a estatura, peso e circunferência dos participantes. “Há algum tempo me acho excessivamente magra e isso interfere na minha autoestima. Recebi aqui orientações sobre minha alimentação e encaminhamento para que possa cuidar de mim e me tornar mais satisfeita com meu corpo”, destacou a estudante que a partir do diagnóstico receberá atendimento gratuito no ambulatório da universidade.

Voluntária

Problemas familiares, divórcio, guarda, casos cíveis, renegociação de dívidas e cobranças indevidas são as principais queixas dos participantes do Dia C que procuraram orientações jurídicas da voluntária Tamara Rodrigues Ganassin, advogada e representante da Conacentro. “Aqui geralmente recebemos pessoas leigas que não sabem onde procurar ajuda e hoje nossa proposta é apenas ouvir os problemas e situações, com a finalidade de apresentar uma luz, uma solução, indicando os órgãos públicos que existem que podem agir a favor dessa população carente” pontua Tamara.