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ENTREVISTA DA SEMANA: RODRIGO GOUVEIA

Data: 04/12/2014 00:00

Autor: OCB

As cooperativas, em nível mundial, precisam se organizar para aproveitar as oportunidades que estão surgindo diante deltas. A análise é do diretor de Política Internacional da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Rodrigo Gouveia, que esteve em Brasília, nesta semana, para ministrar uma palestra sobre o papel deste organismo no desenvolvimento global cooperativas.

A palestra foi ministrada durante o Seminário Cooperativismo e Desenvolvimento Internacional, ocorrido na sede do Sistema OCB, em Brasília, e que reuniu lideranças de seis países para discutir o papel do cooperativismo em Angola, Botsuana, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste como agente de promoção socioeconômica internacional. Leia, abaixo, a opinião de Rodrigo Gouveia, a respeito dos desafios e oportunidades que as cooperativas têm diante de si nos próximos anos.

Qual a percepção da ACI sobre o cooperativismo de modo global?

Rodrigo Gouveia – Nossa percepção é de que o cooperativismo está ganhando uma nova dinâmica, encontrando-se em grande desenvolvimento. Em nível mundial, circunstâncias como crises econômicas e financeiras, resultaram em grandes questões e, por isso, pessoas, governos e instituições passam a olhar para as cooperativas como ferramentas essenciais ao desenvolvimento sustentável.

Em relação ao Brasil, como a ACI vê o movimento cooperativista?

Rodrigo Gouveia – Na nossa análise, o cooperativismo brasileiro é muito forte e respeita os princípios cooperativistas, sobretudo a intercooperação, o que o torna um grande contributo com o desenvolvimento do setor em outros países do mundo. Um bom exemplo é exatamente esse trabalho feito com os representantes do movimento cooperativista dos países de língua portuguesa.

(No início da semana, um grupo de representantes de cooperativas de seis países de língua portuguesa estiveram no Brasil, aprendendo e prospectando experiências, com o apoio do Sistema OCB).

A participação das cooperativas brasileiras nos eventos da Aliança mostra que as cooperativas do Brasil não só são fortes, mas estão alinhadas com os princípios e valores do cooperativismo.

Onde mais esse alinhamento é percebido pela Aliança?

Rodrigo Gouveia – O cooperativismo brasileiro, quando pensamos em termos gerais, é facilmente comparado ao movimento cooperativista de outros países como Alemanha, Itália, Canadá, Austrália e Japão. É importante destacar que a Aliança Cooperativa Internacional tem representantes em 94 países e, de uma forma geral, todos eles, uns mais e outros menos, todos têm muito empenho no desenvolvimento alinhado do cooperativismo.

Quais os principais desafios do movimento cooperativista internacional nos próximos anos?

Rodrigo Gouveia – Existem vários desafios, neste momento, em nível mundial. Por exemplo, a Organização das Nações Unidas está definindo os objetivos de desenvolvimento sustentável que guiarão as iniciativas de 2015 a 2030. Obviamente as cooperativas têm um forte papel a desempenhar nessa área, portanto este será um dos setores onde deveremos atuar mais fortemente, pela oferta de oportunidades.

De uma forma geral, o grande desafio é fazer com que as sociedades, governos e entidades percebam que as cooperativas são uma ferramenta essencial para um crescimento econômico sustentável, não apenas ao nível econômico, mas social e ambiental.

Temos ainda de fazer com que a economia mundial seja mais diversificada, integrando mais as cooperativas. Isso deve, portanto, estimular o desenvolvimento e a produção por parte delas, proporcionando que a sociedade mundial evolua num sentido melhor do que o que tem ocorrido.

Além disso, a riqueza está cada vez mais concentrada em um número menor de pessoas e as cooperativas têm soluções para isso, pois têm uma forma mais justa de distribuir a renda e criam mais empregos, o que, aliás, está comprovado. Por falar em empregos, o que são gerados no universo cooperativo são mais sustentáveis, mais decentes. Por tudo isso, temos todas as condições de ter um papel mais ativo na economia mundial.

Além de desafios, o setor também tem diante de si, oportunidades. É possível citar algumas?

Rodrigo Gouveia – Uma das grandes oportunidades que temos é no campo da sustentabilidade ambiental, porque as cooperativas são por natureza empresas sustentáveis. Outra grande oportunidade é a luta contra a pobreza e contra a fome. Em 2050 o mundo terá 9 bilhões de habitantes e será preciso alimentar essas pessoas de forma sustentável, com isso, as cooperativas têm diante de si um grande papel a desempenhar.

Outra oportunidade é que, com o crescimento comercial mundial e com a abertura de novos mercados, as cooperativas têm uma grande chance de se desenvolverem economicamente. Entretanto, para isso, precisam promover transações entre si, além, é claro, de buscar outros tipos de clientes, de forma multilateral e global.

Fonte: OCB

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