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Entrevista: Monique F. Leroux

Data: 09/03/2017 00:00

Autor: OCB

Durante sua participação no seminário internacional O cooperativismo e os objetivos de desenvolvimento sustentável, promovido pela OCB e pela Unimed do Brasil, na segunda-feira, dia 6/3, em São Paulo, a presidente da Aliança Cooperativa Internacional, Monique F. Leroux, disse que a troca de experiências entre os movimentos cooperativistas dos diversos países constitui a grande riqueza e, também, o maior desafio do cooperativismo internacional. Segundo ela, o Brasil tem muito a contribuir com o movimento global das cooperativas.

Citando a Unimed como grande exemplo de sucesso internacional, a líder global, afirma que as cooperativas precisam inovar sem medo e ampliar a participação feminina nos cargos de liderança. Ela também deixou uma mensagem de estímulo às mulheres cooperadas brasileiras, em função do Dia Internacional da Mulher. Confira abaixo a entrevista com Monique F. Leroux. 

Na sua opinião, quais são os maiores desafios do cooperativismo global?

Monique F. Leroux – Esta é uma questão muito interessante porque o movimento cooperativista internacional é extremamente relevante, devido sua presença em vários países ao redor do mundo. Entretanto, esse mesmo cooperativismo possui muitas peculiaridades e, às vezes, isso cria um grande desafio de proporcionar uma voz forte e unificada para o movimento cooperativo internacional. Sabemos que temos uma força enorme que vem da nossa diversidade e isso também envolve a intercooperação entre cooperativas.

Vamos pegar, por exemplo, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. Arrisco-me a dizer que as cooperativas são o grupo econômico envolvido com esta causa mais importante e com uma força incrível de atingir os ODS, mas, para que isso ocorra, é necessário desenvolvermos ações como um grupo, realizando, juntos, as iniciativas que ocorrem no Brasil, no Japão, na Índia e no Canadá, por exemplo. O objetivo disso é muito simples: tornar essas ações mais fortes e eficazes por meio do compartilhamento das nossas melhores ideias.

Na minha visão, é preciso trabalhar com muita eficiência para mantermos o ritmo de crescimento do movimento cooperativo, seja local, regional ou nacionalmente. Precisamos estar conectados. Só assim poderemos passar a mensagem que nos move de uma forma impactante, como um movimento global extremamente forte e conectado. E é por isso que estou muito feliz por participar deste seminário aqui no Brasil, organizado pela OCB e pela Unimed, pois, assim, podemos compartilhar nossos aprendizados e realidades, fortalecendo os nossos laços.

Gostaria, ainda, de enfatizar que apesar de as cooperativas ao redor do mundo terem uma histórica rica, é preciso estarmos confortáveis com a ideia da mudança. É preciso usar as mídias sociais, as novas tecnologias e sermos capazes de inovar! Precisamos ter cuidado e evitar ser tão protetor, às vezes, com o status quo. Precisamos abraçar a inovação, para melhor os serviços às pessoas e às comunidades.

Inovações e performances são necessárias e manterão as cooperativas fortes. Temos um exemplo bem aqui: a Unimed, a cooperativa médica mais importante do mundo! Quem me dera se tivéssemos uma organização como a Unimed no Canadá. Um fenômeno! Muitos canadenses gostariam de ter um sistema médico forte assim. Embora tenhamos grandes e bons sistemas de saúde, uma cooperativa como a Unimed seria a solução para diversos problemas. 

Então, para concluir, acho que o maior desafio de todos é, sem dúvida, o compartilhamento global do conhecimento e das formas de se vivenciar o cooperativismo ao redor do mundo. É ser capaz de aumentar a intercooperação para melhor desenvolver o movimento cooperativo global. 

Como a ACI vê o movimento cooperativismo brasileiro?

Monique F. Leroux – A ACI é uma associação de organizações cooperativas. Não é uma empresa ou uma entidade para apoio financeiro ou prestação de serviços. Apoia iniciativas de representação cooperativa em todo o mundo. É por isso que é tão importante para os membros da Diretoria da ACI que os representantes dos países da Junta da ACI participem em eventos organizados por nossos membros em todo o mundo, que ocorrem fora de nossa sede. É crucial ver na prática como o sistema cooperativo tem sido operado e como os desafios foram superados em cada país. Nós sempre tentamos nos encontrar em diferentes lugares para aprender mais sobre suas realidades e aprender com as experiências. E é por isso que eu e os membros do Conselho da ACI estamos muito felizes por estar aqui no Brasil, um país que tem muito a contribuir para o movimento cooperativo internacional.

Em relação às Metas de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidas pela Organização das Nações Unidas, qual a importância de as ações do movimento cooperativista internacional estarem alinhadas à ONU?

Se compararmos esse conjunto de características com os ODS, veremos que elas têm muitas coisas em comum. As cooperativas são acessíveis e inclusivas. Por esta razão, as organizações cooperativas, em minha opinião, estão muito mais alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU. É preciso trabalhar para um mundo melhor e isso demanda, necessariamente, o sucesso dos ODS; Se conseguirmos, o mundo também conseguirá e será um lugar muito melhor para viver.

A senhora é a segunda mulher a presidir a ACI. Considerando a participação feminina em cargos de liderança, como a ACI tem encorajado as mulheres a assumirem posições de destaque no cooperativismo?

Monique F. Leroux – É preciso destacar que a ACI está completamente alinhada à ONU quando o assunto é promover o empoderamento feminino. Em segundo lugar, afirmo que a participação feminina no cooperativismo, em diversos países, tem aumentado ao longo dos anos. O Canadá e países europeus são exemplos disso. De fato, em ramos como o Crédito, Trabalho, Saúde e Educação, a participação da mulher tem ocorrido com maior destaque nos papéis de liderança. Estou muito feliz em perceber que, desde que ingressei no cooperativismo, mais mulheres têm assumido posições de liderança e cargos de alta chefia nas organizações cooperativas. E esta é uma tendência.

E, finalmente, neste 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Que mensagem a senhora deixaria para as mulheres brasileiras?

Monique F. Leroux – Envolva-se! Certifique-se de ter a confiança necessária em si mesma, como uma mulher, e de ser comprometida, proativa em seu papel sociedade e na cooperativa em que se está envolvida. Auto-motivação e solidariedade são necessárias para assumir as tarefas de gestão da vida ou em uma cooperativa. Envolva-se!

Fonte: Sistema OCB

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