Inovar não é mais uma opcão
Data: 23/11/2017 00:00
Autor: OCB
Esse é o pensamento do especialista em inovação, Gustavo Caetano, eleito uma das 50 mentes mais inovadoras do país pela revista Proxxima (Meio&Mensagem), um dos 15 brasileiros mais influentes da internet pela Revista GQ e bicampeão do prêmio de CEO do ano (Pequenas Empresas Grandes Negócios e The Next Web).
O mineiro discorreu sobre inovação dentro e fora do Brasil durante sua palestra, ministrada durante a cerimônia de entrega do Prêmio Sescoop Excelência de Gestão, na noite desta terça-feira (22/11), em Brasília.
Sua startup, a Samba Tech, foi eleita três vezes nos Estados Unidos como uma das 100 empresas mais inovadoras do mundo e a Forbes a colocou como uma das 10 Startups para se observar na América Latina. A Samba entrou para a lista da revista Fast Company como uma das 10 mais inovadoras da América Latina e Caetano foi eleito pelo MIT como uma das 10 mentes mais inovadoras do país.
A empresa de Caetano é a segunda melhor para se trabalhar em Minas Gerais, e a quarta no ranking Brasil, segundo o Great Place to Work. Confira!
As pessoas tendem a confundir inovação com invenção e não é bem isso. Inovação é encontrar soluções para resolver os problemas reais das pessoas. Pra mim, as empresas extremamente inovadoras são aquelas que encontram soluções para questões que já existem há muito tempo, de maneira diferente. Por exemplo: o Waze, é um excelente caso de inovação. Quando ele entrou no mercado de GPS, cheio de players gigantescos como a Tomtom e a Garmin, líderes da época, decidiu focar em um único problema que nenhum deles estava resolvendo: o trânsito. E isso foi feito. O problema do trânsito foi resolvido e agora o Waze é a maior empresa de GPS do mundo. Tanto que, recentemente, foi vendida por US$ 1 bilhão para o Google.
Muitas pessoas não aderem à cultura da inovação na sua empresa porque acham que precisam ser muito criativos para inventar algo que não existe. E o Waze é um exemplo clássico do que já existia, mas que focou em um problema que ninguém tinha focado antes.
Inovar, hoje em dia, não é mais uma opção. Veja bem, se listássemos as grandes empresas americanas da década de 50, veríamos que 90% delas não existem mais. Vale pensar o seguinte: naquela época, uma nova tecnologia poderia demorar até 50 anos para entrar no mercado e isso não ocorre atualmente. A cada seis meses temos uma nova tecnologia disponível.
Então, inove ou morra tentando! Não tem opção. Todo mundo tem de aderir à inovação, agora, como uma estratégia de sobrevivência. Ou a inovação ocorre, ou o seu negócio tende a terminar em alguns anos, porque possivelmente será substituído por alguém que faz isso melhor, de uma maneira diferente e com um custo mais barato.
A inovação depende da cultura da empresa, do DNA das organizações. Se não existe, é necessário traze-la ao ambiente de trabalho. Eu tive a oportunidade de estudar na universidade da Disney, uma empresa de 100 anos, e ela consegue se reinventar constantemente. Eu descobri que isso não tem nada a ver com criatividade, como muita gente imagina. Não é necessário ser super criativo para ser inovador.
Na verdade, inovação tem a ver com processos e com a necessidade de estar atento às oportunidades de melhoria. Por isso a inovação não depende de uma área específica, mas de pessoas. Todas elas. E isso pode ser obtido com algumas coisas básicas.
A primeira delas é a identificação de problemas; a segunda é a revisão de propósito, já que a razão de ser de uma empresa, há 10 anos, é diferente da de hoje; e, por último, é importante trazer pessoas boas para dentro da organização, dando a oportunidade para os erros.
Todo processo de inovação depende do erro. Nenhuma empresa inovadora que conhecemos nasceu de uma ideia genial e sempre teve tudo a seu favor. Todas elas experimentaram, erraram! E isso ocorre desde os tempos de Leonardo da Vinci ou Thomas Edson. Todas essas figuras foram grandes experimentadores. Eles testavam várias coisas o tempo inteiro e, vale dizer que, hoje, é barato testar.
Então, é urgente e vital trazer essa cultura do teste, da execução e tirar da cabeça a ideia de que inovação vem de alguma especialidade ou habilidade, afinal não adianta ter ideias brilhantes e não conseguir colocá-las em prática. Essa é a chave das grandes empresas inovadoras que têm conseguido transformar suas visões em resultados.
Sim. Porque as pessoas sempre dão um jeito de resolver problemas que parecem irresolvíveis. Infelizmente, essa característica do brasileiro é usada para o mal. Eu vejo vários golpes tão bem bolados e penso que se o autor deles usasse essa energia para o bem, poderia ter montado uma startup ou criado algo inovador para resolver os problemas das pessoas e não prejudica-las.
O brasileiro é um povo que sempre pensa em formas diferentes de resolver um problema. Mesmo sem o dinheiro que o americano tem ou o processo que o alemão possui, a gente consegue fazer muita coisa boa por aqui! O que falta, muitas vezes, é metodologia. Nós ainda dependemos muito de um líder que pense e execute, mas não temos isso na base das pessoas, ou seja, os liderados não pensam em como resolver os problemas que está diante deles. Muitas vezes eles esperam que o chefe resolva.
Outra coisa que falta é uma educação proativa de transformar a inovação em algo acessível para todos. As pessoas que lidam com os processos é que sabem como melhorá-los. Não se pode esperando que um presidente pare e resolva tudo dentro da empresa, mas isso depende muito da descentralização do poder dentro das organizações. O modelo tradicional de empresa brasileira é muito concentrado. O poder fica na mão de poucos. Geralmente, tudo passa pelo presidente ou pela diretoria e esse é um modelo antigo. O modelo novo dá poder às pessoas.
Então, independente do cargo, dê poder às pessoas. Dê a oportunidade de elas proporem soluções e aí será possível ver ideias extraordinárias nascendo. O problema do modelo tradicional é que ele é muito “eu mando e você obedece” e não dá voz para quem está na ponta, executando a tarefa. E é ele que lida com o mercado e com os clientes. Muitas vezes os executivos estão confinados nos escritórios sem ideia do que está acontecendo lá fora.
Fonte: Sistema OCB
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