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“O cooperativismo corrige o social através do econômico”, afirma Roberto Rodrigues durante live

Data: 18/05/2020 00:00

Autor: Gabriela Borsari

“O cooperativismo corrige o social através do econômico”, essa foi uma das muitas mensagens que Roberto Rodrigues deixou durante a live Cooperativismo: Desafios atuais e futuros no contexto da COVID-19.

O webinar ocorreu no dia 15 de maio e foi promovido pela Fecoop CO/TO – Federação dos Sindicatos das Cooperativas do Distrito Federal e dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

Roberto Rodrigues que é engenheiro agrônomo e agricultor, coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) e Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas foi o palestrante e os presidentes das Unidades Estaduais foram os debatedores.

Contexto histórico

“O cooperativismo surgiu durante uma grande crise na Revolução Industrial e se fortaleceu durante outra, no período da queda do muro de Berlim. Neste momento surgiu o sétimo princípio do cooperativismo, o interesse pela comunidade. E nesses últimos 30 anos, o cooperativismo teve um crescimento notável. “Hoje temos 1,2 bilhão de cooperados no mundo, envolvendo cerca de 5 bilhões de pessoas. Nenhuma religião move tudo isso, somos 60% do mundo, somos uma grande força”, completou.

Agora surge uma nova crise e Roberto Rodrigues destacou que o cooperativismo precisa estar preparado, pois é uma oportunidade incrível. “Nenhum ramo ficará alheio, ramo saúde estará à frente, salvando pessoas; o ramo agro produzindo alimentos. Somente nos quatro primeiros meses de 2020 o Brasil foi o único país que aumentou as exportações. O ramo crédito já detém 20% do crédito rural. O cooperativismo corrige o social através do econômico! Precisamos contribuir para o país e principalmente preparar as cooperativas para as novas demandas que estão por vir, porque temos um grande potencial de crescimento durante as crises e essa é maior da era contemporânea”, disse.

Roberto Rodrigues reforçou a questão da sustentabilidade, que tem três pilares: econômico, social e ambiental. “As cooperativas já são sustentáveis por natureza e podem contribuir muito com a sociedade.

Questões sanitárias e a intercooperação

Roberto Rodrigues respondeu que o mundo descobriu um ponto trágico: as barreiras sanitárias. Ele acredita que após essa pandemia, os padrões sanitários vão mudar muito e as cooperativas do ramo saúde serão importantes articuladoras neste processo. Já em relação à intercooperação, ele afirmou que é o princípio do cooperativismo menos valorizado e praticado, mas acredita que a conectividade e a digitalização fortalecidas neste período, irão facilitar essas parcerias.

“Esses poucos meses de pandemia, fizeram a transformação digital evoluir muito, algo que levaríamos anos, ocorreu em poucos meses. Muitos hábitos nesse âmbito vieram para ficar, como home office, reuniões online e eventos como este que estamos participando”.

Já em relação às instituições, acredita que a juventude pode contribuir muito, pois está mais equipada para esta nova era digital e vão viabilizar com mais facilidade a intercooperação.

Presença feminia e comunicação

 “Sempre defendi a presença feminina nos conselhos das cooperativas e hoje já temos várias em cargos de liderança, mas é algo que ainda precisa melhorar. Já a comunicação é um gargalo no cooperativismo, pois sabemos falar muito bem de nós para nós mesmos. Precisamos ter uma linguagem inteligível, simples, com exemplos claros. Já temos o movimento Somoscoop, que é muito bom, mas ainda precisamos de mais”. Ele ainda destacou que a mensagem tem de ser subliminar e alinhada ao discurso. “Coisas simples como crianças plantarem mudas doadas por cooperativa no dia da árvore, já vai fixando na cabeça das pessoas”, exemplificou.

Inovação

“O jovem tem papel primordial nisso, pois são capacitados em tecnologia e podem facilitar a transição, mas as cooperativas são essenciais para auxiliar na transmissão e aquisição de tecnologia, pois ela será fundamental para se manter no mercado”.

Agronegócio e globalização

Roberto Rodrigues foi enfático que mais do que nunca a segurança alimentar é importante. “Com essa pandemia descobrimos que podemos ficar sem roupa, sapato, carro, mas não ficamos sem comida. Isso agregou muito à imagem do agronegócio no Brasil, que não deixou de trabalhar um único dia. Acredito que a agropecuária terá mais apoio e iniciativas para proteger o agricultor, um neoprotecionismo. Isso é uma oportunidade e um risco, pois novos mercados podem abrir e outros fecharem. Mas uma coisa é fato: o Brasil mostrou é capaz de produzir e exportar alimento para o mundo”.

Ele ainda ressalta que o Brasil precisa investir em diplomacia, logística, tecnologia e modernizar a instituições para poder crescer ainda mais nesse segmento e conquistar novos mercados. “O Brasil pode ser o campeão em segurança alimentar, pois povo com fome é povo bravo. Não há paz, onde há fome”, finalizou.

Roberto Rodrigues fechou o webinar dizendo que este momento pode ser difícil, mas que será positivo para as cooperativas, pois nos momentos de adversidades que o cooperativismo cresce e se fortalece.

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