Presidente do Banco Central reforca papel do SNCC
Data: 28/06/2019 00:00
Autor: OCB
Na terça-feira, o presidente do Banco Central, Roberto de Oliveira Campos Neto, esteve na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras, em Brasília. Ele explicou como o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) pode contribuir com as ações da chamada democratização financeira, foco da Agenda BC#, lançada há um mês. Durante o discurso, ele fez questão de destacar como o cooperativismo de crédito é percebido pelo banco. Confira alguns trechos:
Um dos pilares do Banco Central é o cooperativismo. As cooperativas de crédito estavam entre os primeiros grupos que estudamos fortemente. Ao longo dos últimos anos, o Banco Central tem apoiado bastante o setor, por meio do desenvolvimento de regulação que considera as particularidades, do fomento e aprimoramento da governança, controle gerencial e de risco e a supervisão especializada em busca de atender os negócios cooperativos.
O Banco Central já vem trabalhando muito, mas temos ainda diversos outros projetos vindos aí pela frente. É interessante ver a evolução do cooperativismo de crédito. De fato, é impressionante. É a modalidade de crédito que mais subiu em ativos concedidos e depósitos, entre 2009 e 2019. Então, mesmo durante as crises da década anterior, o cooperativismo se manteve firme nessa trajetória de crescimento, desde 2009, ano da publicação da Lei Complementar nº 130. A gente tem agora que trabalhar para consolidar o setor, por isso temos, dentre os 14 grupos de trabalho, um específico para consolidar e expandir o cooperativismo.
Em 2018 tivemos uma redução de cerca de 4% no número de cooperativas singulares (de 967 para 925). Desde 2014, as cooperativas foram repensadas e usam mais tecnologia. Elas não deixam a desejar em nada para cooperativas de outros sistemas e países mais avançados, então, isso é um motivo de grande felicidade. Apesar da redução no número de cooperativas, o número de cooperados ultrapassou 10 milhões entre pessoas físicas e jurídicas. Elas estão presentes em cerca de 2,5 mil cidades e seus postos de atendimento superam a casa dos 5,4 mil. Esse desempenho está diretamente ligado ao modelo de negócio das cooperativas, focado na proximidade com os associados, e ocorre, ainda, graças à sua presença massiva no interior do país.
Um dos problemas de crédito que temos no Brasil, atualmente, e por isso o spread é alto, está dividido em duas partes: um problema de informação assimétrica, ou seja, não existe um sistema de informação muito eficiente e a cooperativa elimina isso, porque ela está mais perto da pessoa que toma o crédito. E o outro problema diz respeito à recuperação de garantias. Na cooperativa isso também é solucionado, porque ela conhece o cooperado, sabe a garantia que ele pode dar, sabe onde ela está. Então, esses dois problemas são eliminados no ambiente da cooperativa.
O cooperativismo de crédito continua aumentando sua representatividade no Sistema Financeiro Nacional com crescimento bem maior que os demais segmentos. A gente ainda tem objetivos bastante ambiciosos, mas o trabalho de vocês, até agora, é impressionante. Estamos muito contentes com isso.
As cooperativas de crédito são fundamentais para a inclusão financeira, com efeito multiplicador de poupança, de educação financeira. Há vários trabalhos que mostram que quando um agente agrícola, por exemplo, entra numa cooperativa começa a aprender a administrar melhor os insumos, fica mais eficiente. Essa proximidade com o produtor, que é tomador de crédito, gera esse aumento de eficiência de produtividade que nós precisamos.
As cooperativas nasceram do rural, mas hoje têm um espectro mais amplo. A gente precisa receber de vocês os inputs para poder melhorar ainda mais a penetração em outras áreas. É uma rua de duas mãos. Precisamos trabalhar juntos. Nós precisamos entender quais são os novos negócios que as cooperativas querem fazer e como podemos ajudar nesse caminho.
Essas são as medidas que já estamos tomando.
Os desafios que temos para o setor são:
Pretendemos contribuir com tudo isso, e o primeiro passo é o aprimoramento da Lei Complementar 130/2009.
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