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Produtores contestam imagem de vilões do aquecimento global

Data: 13/05/2010 00:00

Representantes de entidades ligadas à agropecuária rejeitaram nesta quinta-feira (27/8)  a idéia de que o setor seja um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global e apontaram caminhos para uma agricultura sustentável, que contribua para a reducão das emissões de gases de efeito estufa. Segundo os participantes de seminário sobre o assunto na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, o Brasil tem condicões de reverter o quadro, desde que haja envolvimento de governos, de institutos de pesquisa e de grandes e pequenos agricultores.

Prejuízos - Segundo o pesquisador Eduardo Assad, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em vez de 'vilã ', a agricultura pode tornar-se a vítima do aquecimento global, com grandes prejuízos se nada for feito para minimizar os efeitos das mudancas climáticas. 'O aumento de temperatura é desastroso para a planta, pois afeta seu ciclo e reduz a produtividade ', disse Assad.

Como consequência, ele disse que o País pode perder 40% da producão de soja até 2070 caso o atual contexto não mude. O prejuízo seria de R$ 7,6 bilhões. A adaptacão das plantas ao aquecimento global passaria por melhoramento genético. O tempo estimado para esse trabalho, segundo o pesquisador da Embrapa, é de dez anos.

Sistemas de producão - Outra estratégia seria atuar na absorcão de carbono já durante a agricultura, a partir do manejo de solo. Um manejo comum é o do plantio direto, no qual a palha e os restos vegetais de outras culturas são mantidos na superfície do solo, garantindo cobertura e protecão contra processos danosos, como a erosão.

No caso da pecuária, a solucão passa pela adocão de sistema agrosilvopastoril, ou seja, de integracão entre lavoura e pecuária. Os benefícios seriam a reducão da abertura de novas áreas de pasto e uma menor emissão de gases de efeito estufa, em razão de uma retencão de carbono pela vegetacão.

O problema para adocão desses mecanismos no País, na avaliacão de Assad, é que não se costuma financiar sistemas de producão. 'A gente financia lavouras e pastos. Sistema de producão é mais complicado, mas, no longo prazo, é altamente rentável. Temos que parar de pensar como indústria, mas como sistema ', afirmou.

A vice-presidente e secretária de Relacões Internacionais da Confederacão Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alessandra Lunas, reforcou a tese de que os sistemas de producão estão relegados a segundo plano no Brasil. Ela afirmou que, muitas vezes, para conseguir financiamento oficial, o produtor tem de estar vinculado à pecuária.

'O processo ainda é trabalhado de forma convencional. Há uma dificuldade imensa para que o apoio aconteca na prática. Muitas políticas fazem o contrário do que a gente tenta discutir ', reclamou.

Política rural - O assessor técnico da Comissão de Meio Ambiente da Confederacão Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Justus de Brito, afirmou que faltam políticas estruturantes do governo para o setor. Ele disse que a atividade rural deve ser valorizada pelas contribuicões feitas à preservacão ambiental.

'Parece que o Brasil se envergonha do setor agropecuário quando vai negociar o assunto com outros países. A agricultura é considerada a vilã. O problema é que temos que diminuir a distância dos nossos vários Brasis. Há produtores sem nenhuma condicão de trabalho, emitindo [gases] por falta de informacão. Temos que transformar todo o País em um sistema de producão eficiente e ecológico, mas defendendo os interesses nacionais ', afirmou Brito.

O assessor da CNA disse que não é a agropecuária brasileira a responsável por 30% do aquecimento global, mas a agropecuária do mundo inteiro.

O seminário da Comissão de Agricultura foi sugerido pelo deputado Beto Faro. (Fonte: Agência Câmara)

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