Um dos maiores nomes do cooperativismo mundial, Roberto Rodrigues, compartilhou na Forbes, no dia 1º de dezembro, uma análise geral sobre os desafios e conquistas do setor agropecuário em 2024, bem como a sua visão para o ano de 2025.
Com uma carreira que mescla experiência acadêmica, agrícola e cooperativista, Roberto é conhecido por sua trajetória de liderança e por seus diversos trabalhos publicados sobre agricultura e economia rural. Engenheiro agrônomo formado pela USP, ele também foi Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e, em 2012, recebeu o título de Embaixador do Cooperativismo pela ONU.
No artigo intitulado Que venha 2025!, ele reflete sobre o ano que se encerra e destaca os obstáculos enfrentados pelo agronegócio brasileiro e, também, as vitórias que demonstram a resiliência do setor.
Confira a íntegra do artigo a seguir:
Que venha 2025!
Lá se vai 2024, com suas alegrias e tristezas; vitórias para uns, derrotas para outros.
Para o agro, um ano difícil. O desastre climático do Rio Grande do Sul foi a maior tragédia de todas.
No entanto, trouxe um lado positivo: o heroísmo e a grandeza do povo gaúcho na campanha pela reconstrução do estado, com a solidariedade do Brasil inteiro. Esse foi um exemplo de nacionalismo que deve orgulhar a toda gente, de norte a sul.
O El Niño foi outro problema que afetou diferentemente as diversas regiões do país. A seca acabou determinando perdas de produtividade e de produção, que, associadas aos menores preços das commodities agrícolas, trouxeram prejuízos pesados a milhares de agricultores.
Incêndios criminosos em diversos estados (sobretudo em áreas de cana-de-açúcar e pas-tagens) atingiram reservas florestais, causando tremendos danos financeiros e ambientais. Invasões de terra, notadamente no Paraná, trouxeram de volta a insegurança jurídica no campo, que já não deveria ser um tema de discussão, mas ainda é, por mais absurdo que pareça.
Questões geopolíticas geraram incertezas quanto ao futuro do comércio agrícola inter-nacional. A reeleição do presidente Trump nos Estados Unidos e seu relacionamento com as organizações multilaterais (como OMC, por exemplo) terá refiexos no mercado? O acordo União Europeia/Mercosul vai mesmo funcio-nar?
No entanto, apesar desses pontos complicados e de outros de caráter político e/ou jurídico interno, temos boas coisas a celebrar.
A primeira foi a reação muito positiva do Ministério da Agricultura e dos produtores rurais a uma tola manifestação do presidente da Rede Carrefour, atribuindo baixa qualidade à carne brasileira. Do lado político, o ministro Fávaro se posicionou com vigor ao lado da verdade - a alta qualidade da carne aqui produzida -, cumprindo seu papel com firme-za. Do lado econômico, o setor privado reagiu igualmente com precisão, cortando imediatamente o fornecimento de carne ao Carrefour, que mais do que depressa se desculpou pela besteira infantil. Esse caso mostrou que estamos maduros para responder a agressões indevidas.
Outro ponto relevante: a Frente Parlamentar da Agropecuária reelegeu para mais um mandato a excelente direção do bravo deputado Pedro Lupion, com a vice-pre-sidência, no Senado, da grande heroína do agro brasileiro Tereza Cristina e, na Câmara Federal, o igualmente combativo deputado Arnaldo Jardim. Com a eleição da brilhante superintendente da OCB, Tania Zanella, para a presidência do Instituto Pensar Agro, o agro terá em Brasília um "escudo" poderoso e respeitado para garantir uma boa atuação na defesa dos grandes temas que importam ao setor. Assim será a criação de um Seguro Rural digno do agro brasileiro, o debate sobre o marco temporal, a reciprocidade ambiental para o comércio internacional, a nova legislação sobre invasão de terras, a reforma tributária e uma ampla agenda de interesse do agronegócio.
Que venha 2025! O agro está pronto para recebê-lo.