Tereza Cristina: os desafios de uma ministra
Data: 21/12/2018 00:00
Autor: OCB
“Um grande desafio”. É assim que a deputada federal Tereza Cristina (MS) avalia a sua próxima fase na política brasileira. Em novembro deste ano, ela foi escolhida pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para estar à frente do Ministério da Agricultura do próximo governo. Honrada e feliz, a futura ministra conta a sua principal expectativa para a gestão que se inicia em janeiro de 2019: “Espero corresponder ao que o setor produtivo espera de mim”.
Tereza Cristina foi a primeira mulher confirmada por Jair Bolsonaro para os seus ministérios. “Quero reiterar a importância de ter [no Ministério da Agricultura] uma mulher guerreira que entende realmente do assunto”, disse Bolsonaro em um vídeo parabenizando a nova ministra. “Ela merece”.
O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, também comemorou a escolha. “A deputada sempre atuou na defesa dos produtores rurais brasileiros e agora terá condições de trabalhar ainda mais em benefício do setor”, destacou. Indicada para o cargo pela Frente Parlamentar da Agricultura, seu nome foi um consenso. Para o deputado Marcos Montes (MG), que também faz parte da Frente e acompanha o trabalho de Tereza Cristina há algum tempo, não poderia haver escolha mais certa: “Nós tínhamos vários perfis. Temos excepcionais parlamentares lá dentro. Mas, no pente-fino que fizemos lá, ela preenchia todos esses requisitos. Não havia pessoa mais adequada para assumir tal responsabilidade”, comemora.
Para o deputado, todos ficaram animados com a decisão. “Podemos ver a receptividade com que ela foi recebida em todos os meios. No meio parlamentar, não apenas na nossa Frente, mas em todas as bancadas. Ele também foi muito bem recebida pelos produtores rurais e pelo meio empresarial”, conclui.
O prestígio político da nova ministra vem sendo construído há anos. Tereza começou a vida profissional muito jovem. A família já tinha um histórico no agronegócio em sua terra natal, Campo Grande (Mato Grosso do Sul). Visionária, ela quis continuar essa dedicação familiar e optou por cursar a faculdade de Engenharia Agronômica na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Logo que se formou, mudou-se para São Paulo e começou a colecionar um extenso currículo dedicado à área agrícola e ao setor de alimentos.
Determinada a cuidar dos negócios da família, decidiu voltar para Mato Grosso do Sul. Assumiu a administração, profissionalizou a gestão e segmentou os negócios. Para o deputado Marcos Montes, a determinação é um dos traços característicos de Tereza Cristina. “Conheço Tereza profissionalmente e pessoalmente. É uma mulher dura, mas serena. Uma mulher meiga, amiga e determinada”, conta. O dinamismo e o comprometimento de Tereza Cristina foram sendo reconhecidos e ela passou a ser convidada para participar da diretoria de várias federações e associações que representam o setor agropecuário brasileiro.
“A dedicação à área pública sempre esteve presente em minha família”, conta a futura ministra. Ela é bisneta de Pedro Celestino Corrêa da Costa e neta de Fernando Corrêa da Costa, ex-governadores de Mato Grosso (quando o estado ainda não havia sido dividido). Entre 2007 e 2014, ela assumiu a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo de Mato Grosso do Sul (Seprotur). Em sua gestão, houve importantes conquistas para o estado. Uma delas foi torná-lo livre da febre aftosa. A conquista foi reconhecida internacionalmente por meio da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Durante o período como secretária, a agricultura de Mato Grosso do Sul cresceu 12% ao ano. Em sete anos, o PIB do estado aumentou 152,42%. Os empregos na área industrial também dispararam: o aumento foi de 40,7%. Após essa experiência, Tereza foi eleita deputada federal para o seu primeiro mandato pelo estado de Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2015 e 2018. “Meu foco sempre foi o desenvolvimento do país”, afirma.
Nesse período, continuou buscando melhorias para o setor agropecuário e para o seu estado. A busca, ela faz questão de enfatizar, sempre foi por legislações mais eficientes e justas. “Procuramos melhorias em questões fundamentais para o setor produtivo nacional, como o crédito rural, investimentos em política agrícola, renegociação de dívidas, o fortalecimento das relações comerciais, abertura de mercado para o Brasil, direito de propriedade, entre outras pautas”, explica. Ela foi reeleita para a próxima legislatura, que vai de 2019 a 2022. Precisará afastar-se do mandato para se dedicar ao Ministério da Agricultura.
O governo de transição precisa apresentar suas propostas à sociedade até 31 de dezembro de 2018. E é nisso que Tereza está trabalhando arduamente. “Podemos esperar um forte avanço na questão da infraestrutura, na segurança no campo e numa agenda de desburocratização”, afirma. “Algumas outras questões, como a tributária, dependem de negociações com os estados, mas espero que possamos avançar nessa área também.”
Sob o seu comando, o investimento em logística será uma das prioridades do Ministério da Agricultura. “Ferrovias, hidrovias e rodovias precisam participar do plano de transportes do governo federal. Isso vai ao encontro de um movimento para que as políticas públicas se tornem menos burocráticas, desiguais e ineficientes”. Outro ponto importante para a futura ministra será a questão da segurança jurídica.
“Precisamos desestimular as invasões, e a melhor forma de fazer isso é garantindo as premissas básicas do Estado Democrático de Direito: o direito à propriedade, a execução de ordens judiciais, o respeito ao devido processo legal”, conclui. O Mercosul é um tema polêmico e deve ser rediscutido para que os produtores brasileiros não sejam prejudicados. “Os investimentos em acordos bilaterais também são de suma importância, já que possibilitam que os produtos brasileiros tenham acesso aos melhores mercados. A Ásia é o nosso alvo de abertura de mercado” revela.
A questão tributária também está no topo das prioridades e deve ser um ponto de mudança em relação à gestão anterior. “Precisamos diminuir a carga de impostos e os custos tributários, com a simplificação das regras, a redução do número de impostos e unificação de alíquotas, para que se gaste menos tempo e dinheiro no processo de pagar impostos.”
E isso envolve os produtores rurais também. “Além disso, os produtores rurais precisam de assistência técnica, de crédito. Precisamos de uma política de longo prazo para a produção agrícola no país.”
A futura ministra não tem dúvidas: o cooperativismo tem um papel fundamental para o avanço do Brasil. “Hoje as cooperativas têm um papel pujante no crescimento econômico e social do País com enorme representatividade no Congresso Nacional. Para o campo, elas também são o motor do progresso. Promovem oportunidade, geram renda e desenvolvimento sustentável”, conclui.
As cooperativas, fruto de relações com base em confiança e colaboração, são vitais para o setor agropecuário. É claro que, como em todos os setores da economia, melhorias são bem-vindas. “A prioridade em relação ao cooperativismo no Brasil deve ser o fortalecimento da assistência técnica, educacional e social aos cooperados”, prevê Tereza Cristina.
“O cooperativismo é também uma das principais garantias de renda de milhares de produtores rurais brasileiros. Por isso, as cooperativas são protagonistas na produção de alimentos nacional e mundial, e na geração de trabalho e renda no país”, pontua. Em sua gestão, Tereza Cristina pretende fortalecer o cooperativismo. “É preciso investir na modernização e na transferência de tecnologias, na assistência técnica como forma de desenvolvimento social e econômico, e para o crescimento das relações comerciais do país frente aos mercados internacionais.”
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