MARCO ANTÔNIO GEHLEN

O anúncio de ampliacão da unidade da Aurora Alimentos (Cooperativa Central Oeste Catarinense Aurora), na semana passada, tem mobilizado os criadores de suínos de São Gabriel do Oeste, município a 130 quilômetros de Campo Grande, onde a indústria está instalada. Com producão diária de 1.700 suínos por dia, a Cooperativa Agropecuária de São Gabriel do Oeste (Cooasgo), que hoje reúne 40 suinocultores, garantiu que possui condicões de elevar a producão para 2.500 cabecas/dia como forma de atender a expansão da Aurora. A afirmacão é do médico veterinário da Cooasgo, João Antônio Rodrigues de Almeida.

A Aurora Alimentos informou, na última semana, que já comecou a aplicar parte dos R$ 90 milhões previstos para investimentos na planta instalada em São Gabriel do Oeste. Os recursos permitirão que a unidade amplie capacidade de abate dos atuais 1.200 suínos por dia para 2.500 já no próximo ano. Na semana passada, o gerente da Aurora disse ao Correio do Estado que o aumento de producão será direcionado para a producão de defumados, lingüicas cozidas e hambúrgueres. A indústria contará com recurso do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul). Hoje, a Aurora de São Gabriel do Oeste tem capacidade de producão de 32 toneladas de hambúrgueres por dia, mas produz somente 14,5 toneladas diárias, totalizando pouco mais 305 toneladas por mês. Com a ampliacão a indústria, a unidade poderá processar 1.000 toneladas de hambúrgueres por mês.

Na outra ponta da cadeia produtiva, segundo João de Almeida, a engorda de um suíno demora cerca de 180 dias que, acrescidos do período de gestacão, pode ampliar o período completo - desde a preparacão até a entrega nos animais - para 12 meses. 'Temos como ampliar a producão dos cooperados ou ainda captar mais produtores cooperados, caso a Aurora tenha um cronograma de ampliacão dos abates', disse o médico veterinário da Cooasgo.

Hoje, a Cooasgo termina 1.700 suínos por dia, sendo cerca de 1.200 direcionados para a Aurora e outros 500 momentaneamente comercializados com indústria do município Rondonópolis (MT). 'A crise Econômica mundial afetou em cheio o setor de carnes, principalmente de suínos, causando superoferta interna com a diminuicão das exportacões', salientou João de Almeida. Segundo ele, a crise forcou a Cooasgo a redirecionar parte da producão para Rondonópolis uma vez que a Aurora absorveu apenas 1.200 animais por dia. 'Mas toda crise acaba e podemos voltar a fornecer toda a producão para a Aurora e ainda ampliar o número de animais', frisou o representante da Cooasgo ao acrescentar que há produtores interessados em entrar na atividade, já vista hoje como alternativa boa de diversificacão.

Precos

Quando a crise afetou o mercado interno desestruturou também os precos pagos pelos suínos. João de Almeida conta que os precos estavam crescentes ainda da crise, mas desde dezembro despencaram. 'Estávamos recebendo R$ 2,60 por quilo vivo até dezembro e, hoje o quilo não passa de R$ 1,60', disse. O problema, segundo ele, é que o custo de producão hoje gira em torno de R$ 1,70 pro quilo vivo, devido à queda no preco do milho (ingrediente das racões dos suínos) nas últimas semanas. 'Estávamos operando no prejuízo há seis meses, mas agora estamos praticamente empatando para os produtores integrados. Já os independentes sofreram mais', finalizou o médico veterinário.

Fonte: Correio do Estado

11/08/09