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Cooperativismo e Prosperidade

Data: 29/02/2012 00:00

 O capitalismo é um Sistema que sabe gerar riqueza, porém não sabe distribuí-la. O Comunismo e o Socialismo sabem distribuir riqueza, mas não sabem gerá-la. Entretanto, o Cooperativismo é o único Sistema econômico que sabe fazer as duas coisas: gerar riqueza e distribuí-la.

A importância do Cooperativismo para o desenvolvimento social e econômico e seu crescimento pelo mundo fizeram com que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarasse 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas.

O intuito da ONU é de sensibilizar sobre a importância desta ferramenta econômica e social, e de promover a criação e o desenvolvimento desse modelo que, nos últimos anos, vem atraindo o interesse tanto dos economistas como dos empreendedores.

Cooperativismo significa a união de pessoas para criação de riqueza sob uma base de gestão democrática e a distribuição desta de uma forma equitativa. Uma cooperativa é definida como uma associação autônoma de pessoas (acima de 20) que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e/ou culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.

Forte de valores como equidade, solidariedade, gestão compartilhada, valorização e priorização do capital humano em detrimento do capital financeiro, distribuição, e sustentabilidade, o cooperativismo é muito mais que um negócio, é uma filosofia capaz de unir desenvolvimento econômico e bem estar social. É um modelo alternativo que combina produtividade e responsabilidade social e que busca uma sociedade próspera, mais justa e mais humana.

O Cooperativismo é um movimento que gera hoje qualidade de vida para mais de um bilhão de cooperados no mundo. Este número é muito superior aos 328 milhões de acionistas de empresas de capital. O cooperativismo emprega atualmente mais de 100 milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, a população cooperativista é de 120 milhões de pessoas. No Brasil, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem hoje no país cerca de 6.700 cooperativas com mais de 9 milhões de associados e cerca de 300 mil funcionários. As cooperativas atuam em 13 segmentos diferentes. Porém, um pouco menos da metade das cooperativas brasileiras atuam nos setores de agropecuária e de crédito congregando 4 milhões de associados de um total de 9 milhões. No Maranhão, há cerca de 600 cooperativas. Porém, apenas 50 delas têm suas documentações em dia.

Para aprendermos a importância das cooperativas em relação aos bancos, basta observarmos, por exemplo, o desempenho dos bancos. De acordo com dados do Banco Central (Bacen), as 76 agências bancárias instaladas em São Luís lucraram de janeiro de 2010 a junho de 2011 (18 meses) 692 milhões de reais. Infelizmente, este dinheiro tem achado seu paradeiro nos grandes centros financeiros do País, deixando a comunidade ludovicense e a economia local carente de recursos para o desenvolvimento de suas atividades.

Em nível nacional, apenas nas regiões Sudeste e Centro-oeste que o volume das captações dos bancos é menor que o volume dos investimentos (empréstimo, financiamentos, etc.). Isto mostra que tais regiões recebem recursos externos vindo das outras regiões. No Maranhão, o superávit total das 276 agências bancárias do estado é de 317 milhões em 2011. Na realidade, em quase a totalidade dos municípios dos estados do norte e do nordeste, o volume de captação (depósitos de correntistas, empresas, etc.) é maior que o volume dos investimentos, implicando em uma evasão dos recursos para as outras regiões.

Diferentemente do sistema bancário, o cooperativismo é um mecanismo que proporciona que os recursos fiquem nos municípios e beneficiem seus titulares. As cooperativas de crédito, por exemplo, é um importante mecanismo para implementar ações que promovam a inserção de comunidades carentes na cadeia produtiva e fomentar, portanto, o crescimento econômico. Suas vantagens são enormes, pois a cooperativa de crédito é dirigida e controlada pelos próprios cooperados, todos os associados têm acesso ao crédito sem distinção, e com menor custo operacional em relação aos bancos, menor taxa de juros nas operações de crédito, menores tarifas de prestação de serviços, menos impostos e tributos, e maior rendimento nas aplicações financeiras. A concessão do crédito é imediata e sem burocracia, o atendimento é personalizado, a aplicação dos recursos é feita na própria classe e as sobras e excedentes são distribuídas entre os cooperados. Além disso, as cooperativas têm um fundo de assistência aos cooperados e um fundo de reserva.

Ficou comprovado que as cooperativas exercem um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social de centenas de milhões de pessoas pelo mundo. Portanto, cabe a todos: governos, cooperativas e as organizações representativas do setor encontrar as formas de dar ênfase à decisão da ONU. As universidades precisam contribuir, por exemplo, criando cursos relacionados como o de “Gestão de cooperativas”, etc. As secretarias de trabalho e renda devem dar mais importância a esta ferramenta extraordinária de combate à pobreza e à desigualdade. O Sebrae e a Fiema podem, também, ter um papel fundamental no fortalecimento do setor.

Salientamos ainda a bela iniciativa da Associação Comercial do Maranhão que, no Ano Internacional das Cooperativas e quadricentenário de nossa querida São Luís, está instalando a cooperativa de crédito dos empresários do Maranhão. Também, a Organização das Cooperativas do Estado do Maranhão (Ocema) e os órgãos municipais competentes, pelo esforço na definição e implantação da Política Municipal de Cooperativismo.

Precisamos entender que há milhares de maneiras de fazer negócios e que necessitamos trabalhar juntos de forma cooperativa. Fica aqui registrada a nossa homenagem e nosso reconhecimento do papel fundamental das cooperativas na promoção do desenvolvimento socioeconômico de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo e parabenizamos a categoria pelo Ano Internacional das Cooperativas. (Sofiane Labidi, professor universitário e pesquisador, escreve no Jornal Pequeno/MA aos domingos).

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