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Modelo cooperativista demonstra amadurecimento

Data: 13/05/2010 00:00

O cooperativismo brasileiro fechou 2009 mantendo seu processo de amadurecimento, em curso há alguns anos. Comprova este comportamento o aumento de associados (4,62%) e de empregos gerados (7,71%). No mesmo período, houve reducão no número de cooperativas (-5,48%). 'Os indicadores mostram a dinâmica do cooperativismo e sua visão em buscar alternativas e oportunidades num período pós-crise. Para mitigar as dificuldades e se fortalecerem, ganhando mercado e escala, cooperativas optaram pelo processo de aglutinacão, o que é uma tendência do profissionalismo da gestão. A reducão no número de cooperativas reflete esse processo, mas, ao mesmo tempo, como observado em outros setores, indica também as consequências geradas pela crise financeira internacional.', analisa o presidente da Organizacão das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. 

Para Lopes de Freitas, a aglutinacão demonstra que a diversidade pode alavancar negócios comuns e que é adaptável a cada segmento. Essa capacidade de se adequar aos diversos modelos está expressa na variedade de ramos que reduziram em número de cooperativas em 2009 comparado a 2008: Habitacional (- 25,59%), Trabalho (- 19,36%) e Consumo (- 7,25%). Quanto ao crescimento do número de associados, vale ressaltar a participacão do Ramo Crédito, com o aumento de 8,76%, o que representa um total de praticamente 282 mil novos cooperados. Para o contingente de empregados, registraram maiores percentuais de aumento os ramos Educacional (24,7%), Producão (20,23%) e Saúde (18,20%).

Na curva de queda no número de cooperativas, o Ramo Trabalho foi um dos principais responsáveis. Neste caso, a situacão era prevista pela OCB que observou durante o período mais rigor do Ministério Público do Trabalho em relacão a este setor cooperativo.

Cooperativas mantém movimentacão financeira

Em 2009, a movimentacão econômico financeira das cooperativas brasileiras chegou ao valor bruto de R$ 88,5 bilhões frente aos R$ 88,73 bilhões de 2008, com uma pequena reducão de 0,26%, após três anos consecutivos de alta, reflexo da crise financeira mundial. 'O cooperativismo conseguiu contornar esse período mantendo praticamente a mesma movimentacão financeira do ano anterior, mas também deixou de faturar, já que era previsto um crescimento de 10% para 2009', diz Lopes de Freitas.

Praticamente todos os ramos econômicos tiveram crescimento em relacão a 2008, apenas  o Agropecuário - que representa em torno de 80% do valor global das cooperativas - experimentou uma tímida retracão como conseqüência da crise. Chegou ao final do ano com uma reducão nos valores exportados de 9,5%, em funcão do valor das commodities. Mesmo assim, comparado com a evolucão do mercado brasileiro, conseguiu um desempenho melhor já que o País retraiu 22,71%.

'Esse fato demonstra que em relacão à crise, o modelo cooperativista apresentou mais robustez e uma melhor relacão com os mercados não tradicionais como a Síria, estando mais bem preparado para a esperada retomada do crescimento em 2010', analisa o presidente da OCB. O crescimento do comércio com a Síria, que atingiu valores exportados em 2009 1098,73% superiores a 2008, representou um valor total de US$ 33,75 milhões. O acúcar de cana foi responsável por 68,67% desse montante.

Comércio intercontinental movimenta exportacões

Em 2009, segundo estudo elaborado pela Gerência de Mercados da OCB, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC), as cooperativas brasileiras exportaram um total de 3,63 bilhões em valores, frente a US$ 4,01 bilhões em 2008, com uma reducão de 9,5%. No mesmo período, o Brasil registrou queda de 22,71%. Sobre as quantidades, foi registrado um pequeno aumento de 0,2%, com um total de 7.09 milhões de toneladas no ano passado e 7.07 milhões em 2008. 

No ano passado, os principais mercados de destino dos produtos de cooperativas brasileiras foram, em primeiro lugar, a Alemanha, respondendo por 10,13% das exportacões em um total de US$ 367,33 milhões. Em seguida, a China responsável por 9,73% das exportacões ou US$ 352,89 milhões. Logo atrás, compraram mais os Países Baixos com 7,86% do montante exportado e US$ 285,17 milhões, os Emirados Árabes Unidos que importaram 7% do total o que representou US$ 253,97 milhões, a Índia com 5,88% das exportacões e a Franca respondendo por 4,78%.

Na curva descendente de relacões comerciais com cooperativas ficaram Itália, Rússia, Japão e Espanha. A retracão de valores comercializados com a Itália se deve principalmente à queda no comércio de café (- 49,60%) e de soja (- 53,23%), e com a Rússia observou-se uma reducão no comércio de acúcar (-51,74%) e de suínos (-28,36%). No caso do Japão, a queda foi originada no comércio de carne de aves (- 47,71%), e com a Espanha caiu em 100% a comercializacão de soja. Os Estados Unidos apresentaram significativo decréscimo na participacão dos valores exportados pelas cooperativas (-66,89%), fato explicado pela reducão de 83,31% nas compras de álcool.

O setor sucroalcooleiro mostrou maior importância entre os produtos exportados por cooperativas no ano passado, totalizando US$1,16 bilhão frente às vendas externas de US$ 1,08 bi em 2008 (aumento de 7,88%). O complexo soja se destacou negativamente a partir da queda de 10,9% na quantidade de produtos. Justifica principalmente a retracão nos precos das commodities em 2009, afetando a rentabilidade de outros setores. Foi observada também uma reducão de 4,33% da quantidade exportada de carnes entre os dois períodos analisados. Explicam as quedas de -49,44% de carne bovina e -6,56% do volume de aves comercializadas, sendo o índice mantido pelo bom desempenho da carne suína de 9,63%.

OCB prevê boas perspectivas para 2010

'Embora a balanca comercial do cooperativismo tenha retraído 4,03% em relacão ao ano anterior, a tendência é que ela volte a crescer em 2010 em funcão da estabilizacão da economia mundial, e conseqüente retomada da demanda por energia e crescente necessidade por alimentos', aposta Lopes de Freitas.

Segundo projecão da Gerência de Mercados da OCB, o ritmo de incremento na demanda por alimentos do mundo, com destaque para as carnes, promoverá oportunidades para o Brasil, com ênfase ao Sistema Cooperativista Brasileiro. Para ampliar a participacão das cooperativas brasileiras no mercado internacional serão necessários mais esforcos do governo, o que inclui o apoio aos produtores rurais e cooperativas, investimentos em infraestrutura (modais de transporte, portos e sistemas de armazenamento), reducão da carga tributária e melhorias do sistema de seguro nas modalidades rural e renda.

Além desses fatores, o Brasil deve priorizar os acordos comerciais, buscando pela queda de barreiras comerciais, de modo a ampliar mercados para uma parcela considerável dos países emergentes. Outra acão necessária, em âmbito governamental, é a mitigacão de riscos na agropecuária, com destaque para o seguro rural, fundo de catástrofe e para a garantia de precos de venda acima dos atuais custos de producão.

'O trabalho da OCB vai continuar e cada vez mais intenso no que diz respeito às acões que possibilitem maior visibilidade das cooperativas e seus produtos aos mercados potenciais, como participacões em eventos internacionais de mercados afins, missões a países e regiões de maior potencial de expansão, assim como em países de mercados tradicionais visando consolidá-los', conclui o presidente da organizacão.

Números
7.261 cooperativas
274.190 empregos diretos
8.252.410 de associados
5,39 % do PIB nacional
R$ 88,5 bilhões de recursos
US$ 3.63 bilhões em exportacões
7.09 milhões de toneladas exportadas

* Estudo elaborado pela Gerência de Mecados da Organizacão das Cooperativas Brasileiras (OCB)

 

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